quarta-feira, 17 de junho de 2015

Prazer, sou seu melhor sonho e seu pior pesadelo!

Eu cursava o terceiro ano de Psicologia, e depois de muito procurar finalmente consegui um estágio. Não era o estágio dos meus sonhos, mas era o que tinha no momento. Eu iria estagiar auxiliando crianças com dificuldade de aprendizagem em uma escola estadual, apenas 3 vezes por semana. Eu não me identificava muito com a tarefa, mas como precisava adquirir alguma experiência prática resolvi aceitar. Primeiro dia lá vou eu, caindo de sono! Nunca achei uma boa ideia acordar cedo, sou do tipo de pessoa que simplesmente não funciona bem de manhã. Chegando na escola fui apresentada à turma onde iria estagiar, e ao aluno que iria ajudar. Um garoto de 12 anos com síndrome de down. Ele era uma criança adorável, mas precisava de atenção especial devido às suas dificuldades, e cabia a mim acompanha-lo e ajuda-lo em suas dificuldades. Deveria fazer um relatório sobre suas dificuldades e desenvolvimento que iria ajudar aos professores a encontrar a melhor forma de adequar-lo à turma. Não foi difícil, e em pouco tempo eu já havia me afeiçoado ao garoto e acostumado com a turma. Com o tempo conheci os demais funcionários da escola, e entre eles o Thiago, ele era o coordenador pedagógico das turmas do segundo grau. Como eu trabalhava com os alunos do ensino básico eu praticamente não tinha contato com ele, apenas raras vezes em que nos cruzávamos pelos corredores e o cumprimentava. Até um fatídico dia, em que trocaríamos mais que um bom dia ou até logo.
Era junho e como de costume a escola realizaria uma festa junina. Pediram para que eu colaborasse se possível, e eu topei ajudar. Me colocaram no caixa de comes e bebes. Meio a contra gosto aceitei, não tenho a menor habilidade para lidar com dinheiro. Pleno sábado de manhã, e lá estou eu caindo de sono ouvindo as instruções sobre a festa. Metade do que foi dito eu não entendi, mas não me preocupei. Afinal que mistério teria em pegar o dinheiro e dar a ficha para o povo. Bem lá vou eu para o meu posto. Logo as pessoas começaram a chegar, crianças, adolescentes e suas famílias. Música alta e muito burburinho, risos e pessoas animadas, e eu ali caindo de sono com um sorriso amarelo no rosto. O tempo passou rápido, e assim que a festa acabou, eu mais que depressa juntei o dinheiro do meu caixa, as fichas que sobraram e corri na tesouraria da escola para entregar.
Quando cheguei na tesouraria a porta estava encostada, mas não havia ninguém. Eu desesperada para ir embora decidi não esperar. Coloquei o envelope com o dinheiro e as fichas juntos em um envelope maior. Escrevi no envelope um pequeno recado especificando o que era e para quem era e fui embora. Eu não sabia o problema que estava arrumando ao fazer isso!
Segunda-feira lá vou eu para o estágio. Chegando lá fui comunicada que o responsável pela tesouraria me aguardava, achei estranho e já fiquei preocupada. Chegando lá a bomba! Cadê o dinheiro do meu caixa? Sumiu!!! Expliquei o que havia feito, porém o envelope havia sumido, e a responsabilidade era minha por não ter cumprido as orientações, que por sinal não ouvi quando estava dormindo em Nárnia! O combinado era de que ao final da festa, todos os que estivessem nos caixas entregariam o dinheiro diretamente ao responsável pelo setor. E este na frente da pessoa iria conferir o dinheiro, para que não houvesse problemas para ambas as partes. Quem disse que eu lembrava disso? Se quer ouvi esse instrução, e agora estava com um problema enorme , no envelope havia mais de R$2.000,00. Não é novidade para ninguém que os seres mais duros do planeta são os universitários. Eu não tinha essa grana toda para repor. O tesoureiro foi um tanto grosso comigo, e ainda deixou claro que eu era suspeita de ter ficado com a grana, afinal ninguém havia me visto ir até a tesouraria. Discutimos, eu fiquei muito nervosa, e saí da sala dele aos prantos.
Precisava me recompor, fui até o banheiro da sala dos professores, lavei o rosto e tentei me acalmar. Mas meus olhos e rosto vermelhos entregavam que eu havia chorado. Resolvi ficar um pouco na sala até passar a vermelhidão dos olhos. Eis que entra na sala o coordenador! Eu muito envergonhada desvio o olhar, mas ele vem até mim.
- Oi, tudo bem? Você parece nervosa, aconteceu algo?
- Não, nada demais.
Tudo o que eu mais queria era sumir dali. Mas ele para meu desespero senta na cadeira ao meu lado.
- Qual o seu nome mesmo?
- Beatriz.
- Beatriz, não quer me contar o que houve, quem sabe não poderei ajudá-la.
Eu penso - Quer mesmo me ajudar? Some daqui por favor! Abaixo a cabeça e balanço negativamente, um nó imenso se forma em minha garganta e eu não consigo segurar o choro.
- Calma! Olha se não quiser, não precisa dizer nada agora, mas procure se acalmar! Daqui a pouco esta sala vai estar cheia de professores, acredito que não queira que mais pessoas lhe veja deste jeito não é mesmo?
Ele me pega pelas mãos e me leva até o banheiro, molha as mãos e passa em meu rosto vermelho.
- Que tal irmos comer algo? Esqueça um pouco seu problema, depois com calma você me conta o que aconteceu e pensamos numa solução, pode ser?
Eu estava tão nervosa e sem saber como agir que acabei concordando. E lá fomos nós para uma lanchonete que havia em frente à escola. Ele falando todo o tempo, e eu muda apenas acenando com a cabeça.
Ele era um homem de traços fortes, sorriso cativante e muito agradável. Mas havia algo nele que despertou meu interesse, sua iniciativa, sua postura, seu jeito simpático porém firme.
Comemos algo e eu me sentia mais calma, ele notando que eu havia me acalmado perguntou se eu poderia contar o que havia acontecido para estar tão nervosa. E eu contei o incidente pra ele.
Ele respirou fundo e me lançou um ar de reprovação sem emitir uma única palavra. Isso me fez ficar novamente nervosa:
- Olha , você não tem que se envolver nesta história. Eu sei que errei e vou dar um jeito de resolver isso, e vou provar que não sou uma ladra! Todo meu nervosismo não é tanto pelo dinheiro, dinheiro dá-se um jeito, mas pela acusação levantada contra mim!
Disparei sem respirar!
Ele balançou a cabeça negativamente e disse:
- Não acredito que você tenha ficado com o dinheiro. Mas convenhamos que você foi um tanto irresponsável. Se o combinado era entregar em mãos, assim deveria ter feito!
-Eu estava com pressa!
-Não justifica!
Eu me levantei e sai deixando-o sozinho na mesa da lanchonete. Ele mais que depressa me alcança e segura meu braço:
- Olha quero ajuda-la, mas fugir assim não vai resolver o problema!
- Agradeço muito! Mas pode deixar que eu mesma vou resolver isso.
Soltei meu braço e fui embora.
Na quarta-feira voltei à escola com o valor perdido. Contei a história para os meus pais, e eles me emprestaram a grana. Eu pretendia pagá-los assim que começasse em um estágio remunerado, visto que este que eu havia conseguido não era.
Entreguei o dinheiro e pedi que me dispensassem do estágio, não havia mais clima para eu trabalhar ali. Com muito pesar me despedi do garoto que ajudava, mas realmente não me sentia mais a vontade num lugar onde boa parte das pessoas certamente me viam como ladra.
Alguns meses se passaram, e um belo dia estou andando apressadamente no shopping quando tropeço em quem? Sim, no Thiago, o coordenador!
- Beatriz! Puxa que bom revê-la!
- Oi Thiago, tudo bem?
- Você sumiu, nunca mais a vi na escola.
- Eu achei melhor sair do estágio depois do ocorrido.
- Então é por isso que não a vi mais, que pena, poderíamos ter resolvido isso de outra forma.
- Obrigada, mas realmente achei melhor assim.
- Entendo, tem um tempo para um sorvete?
- Claro!
Como rejeitar um convite desses? Sentamos por ali mesmo e começamos a tomar nossos sorvetes.
- Desculpa o mal jeito daquele dia, eu estava realmente muito nervosa.
- Tudo bem, está perdoada!
Ele diz isso com um meio sorriso e um olhar que me derreteu. Fiquei sem graça.
- Mas e agora, o que está fazendo? Conseguiu outro estágio?
- Não por enquanto, mas estou procurando.
- Por ser teimosa!
- Claro que não. Não tinha o menor clima pra eu continuar alí!
- Teimosa sim, eu teria resolvido isso pra você se não fosse teimosa e orgulhosa!
Como assim? Que folgado, mal me conhece!
- Olha já agradeci sua disposição em me ajudar, e realmente não estou nada afim de falar sobre este assunto!
 - Apesar de achar que merecia ser castigada pela irresponsabilidade, teria conversado com o tesoureiro, e diria ter visto você entrar na tesouraria. Sou uma pessoa respeitada e com certeza meu discurso a seu favor tiraria a má impressão que ficou devido o incidente.
Respirei fundo, senti meu rosto queimar. Fiquei muda e sem saber o que responder.
- Mas concorda que um castigo era merecido pela irresponsabilidade?
Mais uma vez emudeci, meu rosto queimava e minhas mãos estavam suando. Que situação estranha!
Depois de um tempo, com ele me olhando fixamente consigo dizer algo.
- Então eu merecia um castigo? E o que faria comigo?
Não acredito que tive coragem de fazer esta pergunta. Acho que vou sair correndo!
- Com certeza. Se dependesse de mim levaria algumas palmadas para aprender a cumprir ordens!
Não creio que ele falou isso! Acho que prendi a respiração por alguns segundos. Uma sensação estranha percorreu meu corpo. Ao mesmo tempo que eu queria sumir dali, eu sentia uma vontade imensa de continuar para ver até onde iria aquela conversa.
- Acho que já sou bem grandinha para levar palmadas, não?
- Não , não é! Eu a observava de longe, sempre tive essa vontade! Seu jeito insolente, desafiador me instigava. Mas como estávamos num ambiente de trabalho eu me continha. No dia em que a encontrei chorando na sala dos professores fiquei comovido com seu nervosismo, a minha vontade era acalenta-la, cuida-la. E quando você contou o ocorrido minha vontade imediata era de deita-la sobre meus joelhos e lhe dar muitas palmadas.
Mais uma vez emudeci. Tudo o que ele havia dito me excitava demais! Mas eu estava sem palavras, sem saber como agir e morrendo de vergonha. Eu já havia me imaginado várias vezes em situações parecidas , onde eu era punida e apanhava por algo de errado. Mas nunca imaginei que me depararia com tal situação na vida real, a única coisa que consegui dizer foi:
- O que?
- Desculpe! Não quero assusta-la, não é essa a intenção! Acho que antes de expressar meus desejos quanto à você eu deveria ter explicado, você deve estar me achando um louco e...
Interrompi a fala dele.
- Eu sei, eu entendo perfeitamente seus desejos, e..
- E?
Mais uma vez fico sem saber o que dizer.
- Ehhh!
- Você sabe o que é um Dominador? Já ouviu falar em BDSM?
- Sim!
- Gosta? Te interessa?
- Sim!
- Não fique monossilábica, não precisa ter vergonha!
- Ok!
Ele lança aquele olhar novamente, eu estremeço! Como pode tão de repente surgir uma pessoa assim. Que me faz estremecer só com o olhar? Que tem os mesmos desejos que eu, e que veio se interessar logo por mim? Destino? Acaso? Só sei que a partir deste momento minha vida mudaria para sempre, eu viveria meus melhores sonhos e meus piores pesadelos. E ambos seriam capazes de gerar um prazer intenso e profundo em mim!


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